O Pix, sistema de pagamentos instantâneos lançado pelo Banco Central do Brasil em 2020, está transformando a forma como brasileiros realizam transações no exterior. Popular no país, onde é utilizado por cerca de 75% da população, o modelo agora ganha espaço em destinos internacionais frequentados por turistas brasileiros, como Argentina, Paraguai, Estados Unidos e Europa. Graças a parcerias entre fintechs brasileiras e empresas adquirentes, o Pix está se tornando uma opção prática e segura para pagamentos fora do Brasil.
Corpo: Durante as férias de julho, a dentista Tuanny Monteiro Noronha, de Brasília, viajou com o marido para o Paraguai e a Argentina. Em Ciudad del Este, polo comercial na fronteira com Foz do Iguaçu, ela notou que mais de 90% das lojas aceitavam Pix, especialmente em estabelecimentos maiores. Em Buenos Aires, a experiência se repetiu: a maioria dos restaurantes oferecia a opção de pagamento via Pix, com raras exceções. “Era muito prático, como no Brasil. Eu escaneava o QR Code e pagava em reais, com a conversão feita na hora”, relata Tuanny.
O Pix, originalmente restrito a transações entre contas brasileiras, agora é viabilizado no exterior por meio de soluções tecnológicas desenvolvidas por fintechs, como a PagBrasil, de Porto Alegre. Alex Hoffmann, CEO da empresa, explica o processo: o lojista insere o valor em moeda local na maquininha, que gera um QR Code com o montante já convertido em reais, incluindo o IOF. O cliente escaneia o código e paga instantaneamente. “Diferentemente do cartão de crédito, onde a cotação só é conhecida no fechamento da fatura, com o Pix o valor é final e garantido no momento da compra”, destaca Hoffmann.
Para que o Pix funcione fora do Brasil, é necessário que tanto o pagador quanto o recebedor tenham contas em instituições participantes do sistema no Brasil. Alternativamente, estabelecimentos no exterior podem receber via prestadores de serviços de câmbio eletrônico (eFX), que convertem o pagamento em tempo real. Esse modelo já está presente em países como Chile, Argentina, Portugal, França e Estados Unidos. O Banco Central confirma a expansão: “Com a popularidade do Pix, instituições têm ofertado soluções voltadas ao mercado internacional, mas o Pix em si ocorre apenas na etapa doméstica da transação.”
Outra alternativa é o uso de contas multimoeda. A jornalista Verônica Soares, também de Brasília, utilizou o Pix para transferir reais para um aplicativo de conta multimoeda durante sua viagem a Paris. “Converti para euros instantaneamente, sem precisar de casa de câmbio. Tudo pelo celular, rápido e seguro”, conta. Esse modelo permite que brasileiros usem cartões digitais de débito em moedas estrangeiras, aproveitando a praticidade do Pix.
A expansão do sistema também chegou aos Estados Unidos, principal destino de turistas brasileiros, que receberam 1,9 milhão de visitantes do Brasil em 2024, com gastos de cerca de US$ 4,9 bilhões. Recentemente, a PagBrasil firmou parceria com a Verifone, maior adquirente norte-americana, para oferecer o Pix em lojas e parques temáticos frequentados por brasileiros, como na Flórida e em Nova York. “O Pix é ideal para turistas que preferem evitar dinheiro em espécie e buscam praticidade”, observa Hoffmann.
Apesar do avanço, o Banco Central ainda não planeja um Pix internacional oficial, que exigiria tratados complexos com outros países. No entanto, estuda a integração com o Nexus, plataforma do Banco de Compensações Internacionais voltada para transferências rápidas entre nações.
A disseminação do Pix no exterior reflete sua versatilidade e a adaptação de fintechs para atender a demanda de brasileiros em viagens internacionais. Com transações seguras, rápidas e transparentes, o sistema está conquistando lojistas e consumidores em destinos turísticos globais. Mesmo diante de desafios, como investigações comerciais nos Estados Unidos, a expectativa é que o Pix continue crescendo, impulsionando o turismo e facilitando a vida de brasileiros mundo afora.
Fonte: Agência Brasil