A Caixa Econômica Federal anunciou mudanças significativas nas regras para financiamento imobiliário, impactando diretamente os consumidores que buscam adquirir imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). A partir de hoje, 1º de novembro, os futuros mutuários enfrentarão novos percentuais de entrada e terão acesso a um percentual de financiamento menor. As alterações são reflexo de uma tentativa de ajuste na concessão de crédito do banco, que já alcançou valores recordes em 2024.
O mercado imobiliário brasileiro, amplamente financiado pela Caixa, passa por um ajuste relevante. A partir de agora, para quem optar pelo sistema de amortização constante (SAC), será necessário uma entrada de pelo menos 30% do valor do imóvel, enquanto o sistema Price, com parcelas fixas, exigirá entrada de 50%. Esse aumento no valor da entrada reflete uma maior cautela na concessão de crédito, dado o volume crescente de financiamentos e a alta nos saques da caderneta de poupança.
Outro ponto relevante das mudanças é a restrição para mutuários com financiamento ativo. A Caixa só concederá novos créditos para aqueles que não possuam outros financiamentos habitacionais ativos com o banco. Além disso, o valor de avaliação dos imóveis pelo SBPE será limitado a R$ 1,5 milhão, um teto que, até então, estava aplicado apenas ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH), mas que agora também se aplica às demais linhas.
Essas restrições têm razões que vão além do controle de crédito. A falta de recursos na caderneta de poupança e a limitação na emissão de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) levaram a Caixa a reavaliar suas linhas de financiamento. Somente em setembro, a poupança registrou um saldo líquido negativo de R$ 7,1 bilhões, impactando diretamente os recursos disponíveis para financiamento habitacional. Para atender à alta demanda sem elevar os juros, o banco precisou impor esses ajustes, que podem, ou não, ser revertidos no próximo ano, dependendo do orçamento de crédito de 2025.
Segundo a Caixa, o objetivo é buscar formas sustentáveis para expandir o crédito imobiliário e atender à demanda crescente sem comprometer a saúde financeira do sistema de crédito do país. Esse movimento também acompanha uma elevação nas taxas de juros de instituições privadas, o que atraiu ainda mais interessados para as linhas de financiamento oferecidas pela Caixa.
As novas regras de financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal representam um momento de ajuste importante para o mercado de crédito no Brasil. As restrições na entrada e no limite de crédito pelo SBPE refletem uma abordagem mais cautelosa da instituição para manter o financiamento acessível sem aumentar as taxas. O cenário ainda é incerto quanto à duração dessas mudanças, mas a expectativa é de que o orçamento do próximo ano traga uma revisão das políticas de crédito. Acompanhar as próximas movimentações da Caixa será essencial para consumidores e investidores do setor imobiliário.