O cenário das eleições americanas de 2024 está repleto de incertezas, com uma disputa acirrada que coloca Donald Trump e Kamala Harris em lados opostos de um país politicamente dividido. Questões complexas como a inflação, a guerra no Oriente Médio, Rússia e aspectos humanitários em Gaza têm dominado as discussões e podem decidir o futuro dos Estados Unidos. Essa análise explora como esses temas podem inclinar a balança a favor de Trump, especialmente entre eleitores dos 7 estados-pêndulo (swing state) mais importantes: Pensilvânia (19 delegados), Michigan (15 delegados), Wisconsin (10 delegados), Arizona (11 delegados), Carolina do Norte (16 delegados), Geórgia (16 delegados) e Nevada (6 delegados).
1. Economia e Inflação: A inflação nos EUA tem se tornado um ponto de tensão significativo para eleitores de todas as esferas, impulsionada pelo aumento dos preços em bens essenciais como alimentos, energia e habitação. Com a pressão econômica crescente, a administração Biden-Harris está sendo criticada por não conter de forma eficaz os impactos da pandemia e por enfrentar desafios de produção e cadeia de suprimentos que afetam o custo de vida dos americanos.
2. Guerra no Oriente Médio e Questões Humanitárias: Os protestos estudantis nos EUA, especialmente em relação à guerra em Gaza, têm sido um ponto sensível e inflamado na campanha eleitoral. Muitos estudantes, que tradicionalmente apoiavam os democratas, estão expressando descontentamento com a política externa dos EUA. Esses protestos têm o potencial de influenciar diretamente a eleição, afastando eleitores jovens e progressistas dos democratas. A guerra no Oriente Médio, é um tema central, com implicações profundas para a política externa e interna dos EUA. A situação é complexa e está dividindo o país.
3. Questões Sensíveis e Polarização: Outros tópicos sensíveis, como imigração, direitos reprodutivos e mudanças climáticas, dividem eleitores. Os apoiadores de Kamala Harris tendem a apoiar uma abordagem inclusiva e progressista, enquanto os seguidores de Trump valorizam políticas mais tradicionais e nacionalistas. A imigração, por exemplo, é vista por eleitores de Trump como uma questão de segurança, enquanto os eleitores de Kamala enxergam um aspecto humanitário.
Como cada candidato pensa?
Kamala Harris e Donald Trump apresentam abordagens distintas para enfrentar a inflação e lidar com as guerras que afligem o mundo.
Kamala Harris
Inflação: Harris propõe uma proibição federal contra preços abusivos de alimentos e mantimentos, visando reduzir os custos para os consumidores. Ela também planeja aumentar a oferta de moradias acessíveis e fornecer subsídios para compradores de primeira viagem.
Oriente Médio: Harris apoia a defesa de Israel, mas também defende um cessar-fogo imediato em Gaza para fornecer ajuda humanitária aos palestinos. Ela busca uma solução de dois estados para garantir a segurança de Israel e a dignidade dos palestinos.
Gerra entre Rússia e Ucrânia: Harris está comprometida em continuar a política de seu antecessor, apoiando a Ucrânia militar, econômica e politicamente. Ela defende a manutenção das sanções contra a Rússia e acredita que a Ucrânia deve prevalecer na guerra. Harris também enfatiza a importância de alianças globais e a necessidade de uma resposta internacional coordenada para condenar a agressão russa.
Donald Trump
Inflação: Trump promete combater a inflação por meio de cortes de impostos, aumento da produção de energia e redução de regulamentações governamentais. Ele também propõe tarifas sobre produtos importados para proteger a indústria americana.
Oriente Médio: Trump adota uma postura firme em relação ao conflito, prometendo apoio a Israel. Ele afirma que, se eleito, encerrará o conflito, mas não explica como. Por outro lado, enfrenta críticas por comentários controversos relacionados ao nazismo, conforme relatado por John Kelly, ex-chefe de gabinete, que afirmou que ele elogiou generais de Hitler, o que Trump nega firmemente.
Gerra entre Rússia e Ucrânia: Trump afirma que a guerra não teria começado se ele fosse presidente em 2022 e promete acabar com o conflito em 24 horas após ser eleito. Ele sugere que forçaria a Ucrânia a negociar com a Rússia, possivelmente negando a continuação da ajuda. Trump tem sido crítico em relação ao apoio financeiro e militar dos EUA à Ucrânia e frequentemente elogia Vladimir Putin.
A batalha eleitoral de 2024 nos EUA vai além de uma simples disputa entre candidatos; ela reflete a luta de um país dividido entre visões políticas opostas. A inflação, o conflito no Oriente Médio e as questões humanitárias em Gaza são temas centrais que podem influenciar o voto em estados decisivos, trazendo possíveis vantagens para o controverso Donald Trump no contexto atual e revelando falhas na estratégia dos democratas durante seus quatro anos de gestão. As questões que envolvem segurança, economia e valores tradicionais estão no centro do debate, enquanto os americanos se preparam para decidir qual rumo desejam para o país. A escolha entre os candidatos não é apenas sobre quem ocupará a Casa Branca, mas sobre a direção que a nação tomará nos próximos anos, com impactos duradouros em sua identidade e futuro.
Silvano Saldanha/JN LIBERTTI