As investigações da Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal (PF), revelaram um plano detalhado que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo a PF, a data escolhida pelos conspiradores seria 15 de dezembro de 2022, dias após a diplomação da chapa eleita.
O plano, descrito como uma tentativa direta de golpe de Estado, contava com a participação de militares da ativa e da reserva, além de membros das forças de segurança. Segundo Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social, “o que houve foi uma tentativa de impedir a posse da chapa eleita democraticamente, atentando contra a vida do presidente e do vice-presidente”.
O dia 15 de dezembro de 2022 foi, segundo a Polícia Federal (PF), a data em que se colocaria em prática o plano para assassinar o então presidente eleito e seu vice. Naquele dia, Lula estava em São Paulo, participando de um evento com catadores de materiais recicláveis, enquanto Alckmin se reunia com governadores em um hotel em Brasília. Os envolvidos planejavam realizar a ação antes da diplomação, ocorrida em 12 de dezembro. Com a cerimônia realizada, o plano foi adiado para o dia 15, três dias depois.
Além de Lula e Alckmin, o grupo pretendia sequestrar e assassinar o ministro Alexandre de Moraes, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições.
Prisões na Operação Contragolpe
Cinco investigados foram presos, entre eles militares e um policial federal com históricos em áreas estratégicas do governo. São eles:
- General da reserva Mário Fernandes – ex-integrante da Secretaria-Geral da Presidência.
- Tenente-coronel Hélio Ferreira de Lima – com participação em operações especiais do Exército.
- Tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira – afastado do serviço por medidas cautelares.
- Tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo – também com histórico em operações especiais.
- Policial federal Wladimir Matos Soares – investigado por participação direta no esquema.
O Exército Brasileiro confirmou as prisões e informou que os militares não estavam envolvidos em operações da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante o período da Cúpula do G20.
Conexão com o 8 de Janeiro e Explosões Planejadas
As investigações relacionam o plano à tentativa de explosão de um caminhão nas proximidades do aeroporto de Brasília e aos ataques de 8 de janeiro. Pimenta destacou a continuidade entre os eventos, apontando que financiadores dos acampamentos em frente aos quartéis estavam diretamente ligados à conspiração.
“Aqueles que participaram da tentativa de explosão do caminhão também estavam nos acampamentos e participaram de atos golpistas em janeiro. É uma rede que envolve militares, policiais e financiadores”, afirmou.
Participação dos ‘Kids Pretos’
Outro ponto alarmante das investigações é a participação dos chamados kids pretos — integrantes das forças especiais do Exército. Paulo Pimenta ressaltou que o grupo desempenhou um papel central na elaboração do plano. “Eles se referiam à chapa como alvo, mostrando que a ação buscava eliminar tanto Lula quanto Alckmin”, disse.
Pimenta também criticou discursos que minimizam os atos golpistas como protestos legítimos. Ele enfatizou que os crimes cometidos são atentados contra a democracia e que não devem ser tolerados. “Não podemos falar em anistia ou impunidade. A sociedade precisa compreender a gravidade desse crime”, afirmou.
As revelações da Operação Contragolpe colocam em evidência os riscos enfrentados pela democracia brasileira. O plano de assassinato e a tentativa de golpe mostram que o país esteve à beira de um colapso institucional.
O desdobramento das investigações reforça a necessidade de responsabilização dos envolvidos. Como destacou Paulo Pimenta, “crimes contra a democracia não podem ser tolerados, e aqueles que planejaram essas ações precisam pagar por seus atos”.
Fonte: Agência Brasil